Quando quem cuida é agredido — pais que agridem professores e o custo para a educação

É com profundo pesar que acompanhamos mais um episódio em que profissionais da educação — dedicados, experientes e responsáveis — são alvo de violência dentro da própria escola. No dia 20 de outubro de 2025, no Centro Educacional 4 (CED 4) do Guará, no Distrito Federal, um professor de 53 anos foi agredido por um pai de aluna, após repreender a estudante pelo uso de celular na sala de aula. O agressor invadiu a sala de coordenação, desferiu socos e chutes, quebrou os óculos do docente e o deixou fisicamente e psicologicamente abalado. 
Outro caso relatado ocorreu em Santa Catarina, em junho de 2025, quando um pai de aluno atacou fisicamente um professor de artes, na rede estadual, na porta da escola, evidenciando que a agressão a educadores não é um evento isolado, mas sintoma de um ambiente que se tensiona entre tolerância, responsabilidade e respeito. 

Essas situações são alarmantes porque ferem não apenas o profissional, mas todo o tecido da convivência escolar. O professor que educa, conduz, estimula, corrige e inspira — espera de nós, pais e sociedade, além de respeito, o reconhecimento de que sua missão é formar cidadãos. Quando atos de agressão ocorrem, demonstram que a autoridade pedagógica, o exemplo e o diálogo que a escola oferece estão em risco. Mas também escancaram uma verdade: a responsabilidade da educação não cabe só à escola — ela começa em cada família.

Pais, mães, responsáveis: precisamos refletir sobre qual mensagem estamos dando aos nossos filhos, não só sobre estudo ou disciplina, mas sobre convivência. Quando um adulto usa a força, a irracionalidade ou desrespeito contra o professor de sua própria filha ou filho, está ensinando o oposto do que a escola tenta construir. Ensinar respeito, limites e empatia em casa é um gesto de amor que fortalece toda a comunidade educativa. E àqueles professores e professoras, queremos dizer: somos gratos. Pelo tempo, pela paciência, pela fé em jovens que nem sempre reconhecem quem os guia. Que estes fatos tão difíceis sirvam de alerta — não de normalização —, e que possamos juntos construir escolas mais seguras, famílias mais responsáveis e uma sociedade que valorize quem dedica sua vida a ensinar.