
Sabe aqueles vídeos fofinhos, coloridos e cheios de musiquinhas que aparecem nas redes sociais, no YouTube, no TikTok e até no YouTube Kids? Pois é… nem tudo que parece inofensivo realmente é. Nos últimos meses, surgiram conteúdos que estão chamando a atenção (e causando muita preocupação) de especialistas, educadores e pais do mundo todo.
Eles têm nomes estranhos, como “Tralalero Tralala” (um tubarão de tênis que fala italiano) e “Bombardino, o Crocodilo”, um crocodilo meio avião de guerra. Parece engraçado? Parece. Mas o problema começa quando a gente descobre o que realmente está por trás dessas animações criadas por inteligência artificial (IA).
O que são esses desenhos esquisitos?
Essa moda vem de uma tendência chamada “brainrot italiano”, que traduzido quer dizer algo como “apodrecimento cerebral italiano”. Esses vídeos são feitos por IA — ou seja, por robôs programados para criar imagens, vozes e histórias — sem qualquer supervisão humana real.
Os personagens são bizarros, falam frases sem sentido em um falso italiano e vivem situações totalmente absurdas. Até aí, parece só um humor estranho. Mas não é bem assim.
O problema vai muito além da bizarrice…
Quando a gente começa a prestar atenção, percebe que esses vídeos carregam mensagens subliminares, palavrões disfarçados, piadas com guerras, bombas, tragédias, violência e até conteúdos que beiram o sexualizado. E o pior: tudo embalado em músicas fofinhas, com cenários coloridos, pensados justamente para atrair as crianças.
Tem vídeo, por exemplo, em que o crocodilo Bombardino canta sobre “bombardear crianças em Gaza”. Tem outro onde expressões que parecem brincadeira, quando traduzidas, são na verdade xingamentos pesados ou falas ofensivas. E tudo isso está rodando livremente nas redes, alcançando crianças que não fazem ideia do que estão assistindo — e, muitas vezes, nem os pais percebem.
Empobrecimento cerebral — o que é isso?
Esse é um termo que psicólogos e neurocientistas já estão usando para descrever o que está acontecendo. Quando a criança é exposta, repetidamente, a conteúdos com imagens desconexas, sem lógica, sem enredo, cheias de sons estridentes e músicas repetitivas, o cérebro dela entra num modo automático.
A mente não é estimulada de forma saudável, e isso pode gerar:
- Déficit de atenção
- Irritabilidade constante
- Ansiedade e agitação
- Perda da criatividade
- Queda na capacidade de foco e concentração
- Dificuldade de construir raciocínio lógico e crítico
Ou seja, parece só “um vídeozinho engraçado”, mas está afetando diretamente o desenvolvimento emocional e cognitivo dos nossos filhos.
Mas por que isso está acontecendo?
Porque vídeos feitos por inteligência artificial não têm filtro humano. A IA não sabe o que é certo ou errado. Ela mistura imagens, sons e ideias que estão espalhadas pela internet — e nem sempre essas ideias são boas.
Além disso, esses vídeos são pensados para serem extremamente viciantes. Quanto mais estranhos, mais chamam a atenção. As crianças ficam hipnotizadas, querendo ver mais, mais e mais… e a internet entrega.
E não pense que o YouTube Kids ou filtros resolvem tudo. Eles não dão conta!
Muitos desses vídeos passam pelos filtros das plataformas porque, tecnicamente, não têm cenas explícitas de violência ou nudez. Só que o problema está nas mensagens ocultas, no excesso de estímulos e no conteúdo absurdo que bagunça o cérebro da criança.
O que as famílias podem fazer AGORA para proteger seus filhos?
- Assista junto. Esteja presente, veja o que seus filhos estão consumindo. Não é só ligar o tablet e achar que está tudo certo.
- Converse. Fale abertamente sobre vídeos estranhos. Pergunte o que eles estão vendo, o que entenderam.
- Ensine a desconfiar. Desde cedo, mostre que nem tudo que está na internet é bom ou verdadeiro.
- Ative os controles parentais. Sim, eles ajudam, mas não são suficientes sozinhos.
- Ofereça alternativas. Existem canais incríveis, educativos e que estimulam de verdade o desenvolvimento saudável.
- Tempo de tela com qualidade. Mais importante que proibir é escolher o que assistir e por quanto tempo.
Reflexão final para os pais:
O mundo digital não vai embora. Mas, assim como você escolhe com muito cuidado o que seu filho come, você também precisa escolher o que ele “alimenta” na mente. O problema não é a tela. É o que a tela mostra e o que isso faz dentro do cérebro dos nossos filhos.